Linhagem de Mestres do Grupo

Linhagem de Mestres do Grupo

Mestre Delicado

Holien José de Sá Junior mais conhecido no meio da capoeira como Mestre Delicado se formou com Mestre Mirão na Associação Rosa Baiana em Guarulhos no ano de 1979, e neste mesmo ano começou a lecionar a capoeira no SESC dando o nome ao seu grupo de Associação Angola e Reginal no Bairro da Penha em São Paulo.

Através dos anos, Mestre Delicado dedica sua vida em busca da disseminação, reconhecimento e valorização da arte e cultura da CAPOEIRA, não só dentre os praticantes e alunos como também em associações que mantenham os mesmos objetivos sócio-educacionais, sócio-culturais, e que compartilhem os valores e a filosofia do Grupo GINGARTE.

Participante ativo da sociedade em que vive, e com grande importância em ações de afirmação em sua região, Mestre Delicado atua em diversos projetos de inclusão social e disseminação de valores à jovens e crianças carentes que vão desde aulas de capoeira à oficinas de berimbau. Além disto incentiva diversas outras atividades como aulas de dança, programas de inclusão digital e aulas de alfabetização, voltados principalmente às comunidades mais carentes de sua região.

Mestre Mirão

Emílio da Conceição Nascimento, o Mestre Mirão, foi introdutor da Capoeira em Guarulhos - SP, através da Associação Rosa Baiana.

Foi discípulo de Mestre Silvestre, fundador da Liga Guarulhense de Capoeira, da Federação de Capoeira do Estado de São Paulo, da Confederação Brasileira de Capoeira e da Federação Internacional de Capoeira.

Sofria de diabetes e de hipertensão arterial e por causa de um problema de trombose foi submetido a uma cirurgia de altíssimo risco, capoeira de coração, preferiu arriscar a cirurgia do que ter as pernas amputadas.

Faleceu aos 61 anos sendo quarenta e cinco dedicados à causa da Capoeira e de sua ascensão social e esportiva.

Mestre Silvestre

Silvestre Vitorio Ferreira, conhecido na Bahia como Ferreirinha foi aluno de Mestre Pastinha, treinou algumas aulas com Mestre Bimba e foi formado de mestre Caiçara. Em 1966 trouxe sua capoeira para São Paulo.

Mestre Silvestre foi o responsável pelo Grupo de Capoeira Vera Cruz e ensinou por muitos anos na Praça da Árvore em São Paulo.

Em 1972 fundou a Federação Paulista de capoeira juntamente com outros Mestres.

Mestre Caiçara

Antônio Conceição Moraes (1923 - 1997), conhecido na capoeiragem como Mestre Caiçara da Bahia, Cantador de primeira qualidade, contador de muitos casos e estórias da Capoeira, tinha sempre uma boa reza para oferecer aos seus camaradas e por certo, aos não camaradas também.

Figura muito conhecida das Festas de Largo de Salvador, Mestre Caiçara sempre estava presente em qualquer festejo popular, portanto em sua camisa as cores vermelho e verde, promovendo sempre a sua Academia Angola São Jorge dos irmãos Unidos do Mestre Caiçara, cujo o nome também é o título de seu primeiro disco fonográfico gravado pela AMC, São Paulo, e encontrado ainda nas lojas de disco.

Defensor radical das tradições africanas era sempre bom receber em Nagô, Kêtu, Gêge e Angola as suas bençãos e ouvir sua opinião sobre os grandes Capoeiras do passado e suas considerações sobre a Capoeira da atualidade.

Todas as tardes ele se encontrava no terreiro de Jesus confabulando, vendendo seu peixe e gingando, mas no dia 28 de agosto de 1997, ele nos deixou com sua arte e magia.

 

 Mestre Aberrê

Antonio Raimundo conhecido na Bahia como Mestre Aberre praticava capoeira na baixada do Matatu Preto no bairro do Matatu. 

Treinava com diversos capoeiras como Onça Preta, Geraldo Chapeleiro, Totonho Maré, Creoni, Chico Três Pedacos, Pedro Paulo Barroquinha, finado Barboza e foi o formador do finado Mestre Caiçara e mestre Canjiquinha.

Mestre Antonio de noronha

Mestre Antonio de Noronha não há muitas histórias a respeito pois em sua época a capoeira era marginalizada mais estamos atras de informções precisas sobre o mestre

 Mestre Bimba

Manoel dos Reis Machado, também conhecido como Mestre Bimba (Salvador, 23 de Novembro de 1900 - Goiânia, 15 de Fevereiro de 1974), foi criador da Luta Regional Baiana, mais tarde chamada de capoeira regional.

 Ao perceber que a capoeira estava perdendo seu valor cultural e enfraquecendo enquanto luta, Mestre Bimba misturou a capoeira de Angola com o batuque (luta do Nordeste Brasileiro extinta com o passar do tempo) criando assim um novo estilo de luta com praticidade na vida, com movimentos mais rápidos e acompanhada de música. Assim conquistou todas as classes da sociedade. Foi um eximio lutador e acima de tudo um grande educador, foi o responsavel por tirar a capoeira da marginalidade. Praticantes dessa arte se denominam "capoeira", pois, para eles, a capoeira é um estilo de vida - ser, pensar, agir como um capoeira.

Bimba empunhava regras para os praticantes da capoeira regional, sendo elas:

- Não beber, e não fumar. Pois os mesmos alteravam o desempenho e a consciência do capoeira.

- Evitar demonstrações de todas as técnicas, pois a surpresa é a principal arma dessa arte.

- Praticar os fundamentos todos os dias.

- Não dispersar durante as aulas.

- Manter o corpo relaxado e o mais próximo do seu adversário possível, pois dessa forma o capoeira desenvolveria mais.

- Sempre ter boas notas na escola.

No vídeo Relíquias da Capoeira - Depoimento do Mestre Bimba, um documento audiovisual em VHS produzido por Bruno Farias, o próprio Manuel comenta sobre os motivos que o fizeram se mudar para Goiânia, onde ele conseguiu mais apoio financeiro. Posteriormente, em uma reunião de especialistas em capoeira no Rio de Janeiro, explica-se mais sobre o nome do esporte, sobre a criação da capoeira regional e sobre esse lendário personagem chamado Mestre Bimba.

A versão original do vídeo, veiculada em 2006 pela extinta PAM TV Florianópolis (Antigo canal 17 da TVA), acabou se extraviando. Porém, recentemente, o jornalista Bruno Farias encontrou no antigo acervo da emissora uma amostra de 2 minutos do Relíquias da Capoeira: Depoimento do Mestre Bimba e escreveu uma matéria sobre o assunto, publicada em seu blog História X Atualidade, junto à referida amostra.

 Mestre Pastinha

Vicente Ferreira Pastinha (Salvador, 5 de abril de 1889 — Salvador, 13 de novembro de 1981), foi um dos principais mestres de Capoeira da história

Mais conhecido por Mestre Pastinha, nascido em 1889 dizia não ter aprendido a Capoeira em escola, mas "com a sorte". Afinal, foi o destino o responsável pela iniciação do pequeno Pastinha no jogo, ainda garoto. Em depoimento prestado no ano de 1967, no 'Museu da Imagem e do Som', Mestre Pastinha relatou a história da sua vida: "Quando eu tinha uns dez anos - eu era franzininho - um outro menino mais taludo do que eu tornou-se meu rival. Era só eu sair para a rua - ir na venda fazer compra, por exemplo - e a gente se pegava em briga. Só sei que acabava apanhando dele, sempre. Então eu ia chorar escondido de vergonha e de tristeza." A vida iria dar ao moleque Pastinha a oportunidade de um aprendizado que marcaria todos os anos da sua longa existência.

"Um dia, da janela de sua casa, um velho africano assistiu a uma briga da gente. Vem cá, meu filho, ele me disse, vendo que eu chorava de raiva depois de apanhar. Você não pode com ele, sabe, porque ele é maior e tem mais idade. O tempo que você perde empinando raia vem aqui no meu cazuá que vou lhe ensinar coisa de muita valia. Foi isso que o velho me disse e eu fui". Começou então a formação do mestre que dedicaria sua vida à transferência do legado da Cultura Africana a muitas gerações. Segundo ele, a partir deste momento, o aprendizado se dava a cada dia, até que aprendeu tudo. Além das técnicas, muito mais lhe foi ensinado por Benedito, o africano seu professor. "Ele costumava dizer: não provoque, menino, vai botando devagarinho ele sabedor do que você sabe (…). Na última vez que o menino me atacou fiz ele sabedor com um só golpe do que eu era capaz. E acabou-se meu rival, o menino ficou até meu amigo de admiração e respeito."

Foi na atividade do ensino da Capoeira que Pastinha se distinguiu. Ao longo dos anos, a competência maior foi demonstrada no seu talento como pensador sobre o jogo da Capoeira e na capacidade de comunicar-se. Os conceitos do mestre Pastinha formaram seguidores em todo Brasil. A originalidade do método de ensino, a prática do jogo enquanto expressão artística formaram uma escola que privilegia o trabalho físico e mental para que o talento se expanda em criatividade. Foi o maior propagador da Capoeira Angola, modalidade "tradicional" do esporte no Brasil.

Em 1941, fundou a primeira escola de capoeira legalizada pelo governo baiano, o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA), no Largo do Pelourinho, na Bahia. Hoje, o local que era a sede de sua academia é um restaurante do Senai.

Em 1966, integrou a comitiva brasileira ao primeiro Festival Mundial de Arte Negra no Senegal, e foi um dos destaques do evento. Contra a violência, o Mestre Pastinha transformou a capoeira em arte. Em 1965, publicou o livro Capoeira Angola, em que defendia a natureza desportista e não-violenta do jogo.

Entre seus alunos estão Mestres como João Grande, João Pequeno, Curió, Bola Sete (Presidente da Associação Brasileira de Capoeira Angola), entre muitos outros que ainda estão em plena atividade. Sua escola ganhou notoriedade com o tempo, frequentada por personalidades como Jorge Amado, Mário Cravo e Carybé, cantada por Caetano Veloso no disco Transa (1972). Apesar da fama, o "velho Mestre" terminou seus dias esquecido. Expulso do Pelourinho em 1973 pela prefeitura, sofreu dois derrames seguidos, que o deixaram cego e indefeso. Morreu aos 93 anos.

Vicente Ferreira Pastinha morreu no ano de 1981. Durante décadas dedicou-se ao ensino da Capoeira. Mesmo completamente cego, não deixava seus discípulos. E continua vivo nos capoeiras, nas rodas, nas cantigas, no jogo. "Tudo o que eu penso da Capoeira, um dia escrevi naquele quadro que está na porta da Academia. Em cima, só estas três palavras: Angola, capoeira, mãe. E embaixo, o pensamento:

"Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista."